O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) já repassou o equivalente a mais de R$ 1 bilhão à construtora Odebrecht pela
reforma do porto de Mariel, em Cuba, um negócio mantido em sigilo, por até 30
anos, pelo governo brasileiro, que considera que a revelação dos detalhes do
financiamento “põe em risco as relações internacionais do Brasil” e pode
“levantar questionamentos desnecessários”, conforme extrato de classificação de
documentos obtido peloCongresso em Foco. Esses papéis mostram que uma
parte do custo do financiamento envolveu parcelas pagas “a fundo perdido pela
União” – o governo diz que isso não motivou sigilo. A empreiteira baiana ainda
tem o equivalente a mais de R$ 500 milhões a receber do governo brasileiro por
essa obra em Cuba. Para modernizar o porto de Mariel, o governo cubano, dos
irmãos Fidel e Raul Castro, escolheu a construtora brasileira. Depois, o BNDES
financiou o empreendimento de US$ 957 milhões com US$ 692 milhões (R$ 1,5
bilhão), repassando os valores integralmente à Odebrecht. Mas os detalhes da
operação, como garantias e prazos de pagamento, são mantidos em sigilo pelo
Brasil. Um empréstimo da construtora a uma empresa de consultoria, que o
Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) considera como possibilidade de
“desvio de recursos públicos”, deve ser um dos temas de audiência pública com o
presidente do banco, Luciano Coutinho, na Comissão de Fiscalização Financeira
da Câmara, nesta terça-feira (27). O negócio foi revelado pelo Congresso
em Foco no último dia 19. Fonte: Congresso em Foco.